Boa noite, sou Wal, sou um adicto e estou a 155 dias sem fazer uso de drogas.
Passei um bom tempo longe do blog, mas hoje tive um despertar para continuar a minha caminhada escrevendo um pouco da minha vida de adicto em recuperação. Não tenho feito nada alem do simples para continuar sem o uso. Há mais de um mês não sinto qualquer vontade de usar drogas e isso é uma vitória para quem acreditava que ia morrer usando.
155 dias representam 5 meses e 2 dias de caminhada. faltam 28 dias para pegar a ficha azul de N.A., mas ainda faltam um ano, seis meses e 28 dias para realmente me considerar em recuperação. Por enquanto a vontade que mais prevalesce é a de estar limpo, mas muitos defeitos de caráter ainda estão bem presentes na minha vida, de forma que apenas estou abstênio de drogas.
Entendi que a doença da adicção não é apenas usar drogas. É uma frase batida, mas realmente usar drogas é a cereja do bolo. A adicção é uma doença do comportamento, da obsessão e compulsão por algo ou alguem. Vivo em conflito comigo mesmo quando o desejo por algo é maior que a força de vontade para controlar minhas ações. Fico vendido porque não sei lidar com as minhas emoções.
Até o presente momento mal sei identificar o que são minhas emoções, apenas tenho sentimentos ruins e sentimentos bons. Não sei o que é alegria, emoção, raiva, medo, esperança, fé... não sei diagnosticar e definir o que eu sinto porque por toda a minha vida meus sentimentos precisaram ser mascarados. Aprendi desde muito pequeno a arte de não demonstrar sentimentos.
Posso estar me remoendo por dentro mas por fora pareço uma rocha. No enterro de meu pai foi assim, alem de estar anestesiado de drogas ainda parecia que era um desconhecido que estava sendo enterrado. Não rolou uma lágrima, nada... estava oco, mas, ao mesmo tempo, sem saber onde pisar pois o chão havia desaparecido.
Hoje as coisas estão melhorando de forma gradual, mas ainda possuo o coração duro como pedra, mas o amor da irmandade, de minha esposa e de minha família está fazendo com que o gelo derreta e eu consiga derramar algumas lágrimas esporádicamente.
Quanto as drogas, essas ficaram para tras, agora preciso lidar com o Wal, que é muito mais dificil do que ficar longe do primeiro trago.
Boa noite a todos.
