sábado, 16 de junho de 2012

Primeira crise de abstinência...


Boa noite, sou Wal, sou um adicto e estou a 56 dias sem o uso de drogas.

Passei alguns dias afastado do blog e isso me fez mal, a falta da auto analise quase me levou a uma recaida, não vi os meus comportamentos estava ficando preguiçoso e procrastinador - eu era um perigo para mim mesmo. Graças a Deus estou me mantendo em meio a minha primeira crise de abstinência. 

São estranhos os pensamentos que vem a cabeça neste momento.  As racionalizações e desculpas que minha mente quer pregar em mim mesmo para me fazer cair na armadilha da falta da substância quimica no corpo, a tremedeira, a confusão mental, a falta de animo para fazer as coisas. Quem diria que eu conseguiria resistir a vontade de usar!

Mas tenho que pensar também como eu consegui essa façanha. Primeiro, eu não tenho dinheiro, então não podia correr ao ponto de venda. Segundo, não tinha de onde tirar dinheiro. Terceiro, sempre usei sozinho, então não tinha amigos de ativa para conseguir a droga. Ou seja, foi uma vitória, mas tenho que analisar o real tamanho dela. Tenho que me lembrar que cedi ao cigarro com muita facilidade e hoje já não consigo ficar sem ele.

Bem, mas por enquanto é isso. Agradeço a todos e peço retornos, isso me ajuda e muito.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Lidando com o stress


Boa noite, sou Wal, sou um adicto e estou a 52 dias sem o uso de drogas.

Bom, ontem não postei, estava com a minha esposa comemorando o dia dos namorados, só ela para me fazer não escrever aqui diariamente, pois fora isso nada vai me afastar daqui, nem mesmo uma recaída pois escrever e ter retorno de outras pessoas tem me ajudado muito na busca da recuperação, agradeço muito a vocês que leem este singelo blog e me ajudam.

Hoje passei o dia meio eufórico, vi o passarinho verde e, como aprendi na clinica, isso não é bom. Tenho que me concentrar pra manter o meu humor controlado, pois qualquer alteração brusca pode desencadear a vontade de usar drogas. Lembro-me que na ativa a alegria, a tristeza, a euforia, o stress, o medo e qualquer outra alteração de humor me levava a usar drogas. Eu não sei lidar com minhas emoções.

Para confirmar isso tudo, no tratamento ambulatorial que faço na clinica em que fiquei internado hoje assisti uma palestra sobre stress, seus efeitos no dependente quimico e como lidar com ele. Aprendi que para um dependente quimico o nivel normal de stress é altíssimo, e o corpo depois de se aconstumar com o alto nivel de stress estranha quando ele fica baixo, por isso mesmo sem drogas eu continuo vivendo em ritmo acelerado, querendo fazer tudo ao mesmo tempo de uma vez só.

O melhor é que aprendi algumas técnicas de relaxamento complementares, alem de relembrar algumas dicas para melhorar o meu humor, pois eu ja estava começando a perder o controle denovo. Graças a Deus ainda tem muitas sessões para assistir na clinica, porque eu, por mim mesmo, não consigo nem atravessar a rua sozinho. É importante para mim admitir que sozinho não consigo, nunca fiz isso em toda a minha ativa, agradeço a Deus por permitir que eu aceite minha impotência agora.

Falando no Senhor, como Deus é misericordioso. Eu fui uma pessoa muito má na minha ativa: mentiroso, manipulador, ladrão, egoista, egocêntrico, sem educação, indiferente... a lista de adjetivos é longa, porém a misericórdia de Deus foi tão grande que permitiru que eu vivesse e pudesse desfrutar da recuperação, que é uma dádiva divina para quem não tinha esperança. Ficar um dia limpo é um milagre sem igual. Passar 24 horas sem fazer uso de algo que a alguns dias atras era impossível de fazer é um milagre.

Parte deste milagre é poder voltar a me relacionar bem com as pessoas, principalmente com aquelas que eu amo. Hoje minha esposa foi ao Nar-Anon e eu fiquei contente que ela também esta procurando tratamento, uma casa na qual ambos se tratam traz a possibilidade de ter uma vida sadia, sem a neurose da relação doentia que era até que eu procurasse tratamento.

Muito obrigado a todos que lerem e tenham um bom dia.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Desacelera, senão a rosca espana...


Boa noite, sou Wal, um adicto em busca de recuperação e estou a 50 dias sem uso de drogas.

Hoje tive um dia de fúria, tinha muitas coisas para fazer e muitas não saíram como eu planejei e fiquei frustrado com isso, o que gerou raiva. Sai de casa bem, fiz a primeira atividade bem, dai começou a sucessão de coisas que deram errado. Primeiro o ônibus demorou meia hora pra passar e perdi o segundo compromisso, o terceiro eu cheguei cedo mas demorou para me atender o quarto tava super atrasado e perdi. Estava extremamente frustrado com tudo e quando minha esposa ligou inconscientemente despejei minha frustração nela estragando o dia dela também.

Depois de acabar com o meu dia e o dia dela é que eu parei e diminui o ritmo e comecei a perceber o que eu tava fazendo. Pra começar eu errei em ter marcado tanta coisa para um dia só, se eu tivesse feito o simples e seguido o sugerido pelo programa de N.A. que é não sobrecarregar as minhas 24 horas não tinha acontecido tudo isso. Só isso já me fez pensar que a culpa não foi da chuva, também não foi do ônibus que atrasou e nem na demora para ser atendido; a culpa foi minha pois quis abraçar o mundo sem contar que acontecem imprevistos.

Como bom adicto me frustrei porque as coisas não aconteceram do jeito que eu queria que acontecessem, isso também eu preciso rever, afinal eu não tenho o poder de mudar nada, além de mim mesmo, tudo que é externo a mim está fora do meu controle. Não posso fazer parar de chover, mas posso me preparar para ela; não posso fazer o ônibus passar na hora que eu quero, mas posso me preparar para o atraso; não posso acabar com o trânsito, mas posso aceitar que ele esta lá; não posso controlar o tempo do outro, mas posso organizar o meu. Enfim, nada que não tenha a palavrinha EU no meio eu posso mudar. 

O programa fala em mudança de atitudes, e uma que eu preciso mudar é a mania de viver sempre no limite, querendo fazer tudo ao mesmo tempo e ainda sobrar tempo pra fazer muito mais. Isso vem da ativa e dos meus empregos anteriores, que exigiam prazos muito apertados para cumprir no mesmo dia, o que fazia que eu pegasse dez atividades para fazer na mesma hora. Desacelera Wal, senão a rosca espana.

Outra atitude que eu preciso rever é como eu lido com as minhas frustrações, minha esposa não tinha nenhuma relação com a minha desorganização, mas eu tinha que ter alguem para descontar minha frustração e acabei descontando nela. Me senti muito mal depois, pois saiu sem pensar. Preciso aprender mais a lidar com minhas frustrações, ninguém tem culpa pela minha fúria e ninguém precisa sofrer com a munha rabugência porque falhei nos meus objetivos do dia, muito menos ela que tem sido o maior anjo da minha vida e a maior incentivadora da minha recuperação - estou aprendendo a ama-la ainda mais.



Depois de tudo isso fui a faculdade para resolver algumas pendencias. O caminho me trouxe lembranças, algumas boas, como quando minha esposa ia comigo todos os dias quando ela estudava lá, e outras ruins, que nem precisa falar que são as vezes que fiz esse caminho totalmente alucinado por causa das drogas. Estar lá e sentir aqueles ares me faz persistir no meu sonho, que é concluir a faculdade, que só faltam 3 semestres.

Entretanto, fazem 10 anos que eu luto para concluir o curso, muito em função do uso de drogas. Sempre estava no limite das faltas quando não estourava o limite porque estava tão chapado que não tinha condições de entrar na sala de aula. Tinha o costume de antes de ir a faculdade passar no ponto de venda e usar a droga pelo caminho até chegar lá, se quando chegasse eu ainda estivesse relativamente bem eu assistia a aula, se não ia embora e ficava por ai até passar parte do efeito e poder ir para casa. A faculdade em si nunca foi meu lugar de ativa, eu amo minha faculdade e a minha futura profissão. Outra coisa que eventualmente ocorria era o desvio de caminho no retorno para casa para passar no ponto de venda e ir embora sob o efeito da droga.

Enfim, sobre este meu desejo falei com minha esposa, ela me aconselhou a pensar bem. Meu padrinho de N.A. foi até mais longe, recomentando que eu escrevesse um inventário do período da faculdade pra que eu melhor analisasse minhas atitudes e para ver se estou pronto para retornar. Bem, vamos ver, falta algum tempo até agosto - mês que retornam as aulas.

Obrigado aqueles que leram e comentem para me ajudar a achar respostas.

Grupo diferente

Hoje to bem longe de casa no grupo Lapa de N.A. Reunião espiritual, troca de ficha do padrinho e desabafo do dia.

domingo, 10 de junho de 2012

Os frutos divinos


Boa noite, sou Wal, sou um adicto e estou a 49 dias sem fazer uso de drogas. 

Como minha cabeça esta confusa. São muitos pensamentos ao mesmo tempo na cabeça, mas tem que filtrar tudo e focar unicamente na recuperação. No programa de recuperação é primeiro eu, segundo eu e terceiro eu, fazendo isso o resto vem aos poucos. Precisei quase tudo na vida para perceber isso, mas  ainda bem que Deus permitiu que eu ainda pudesse perceber.


Meu domingo foi bastante corrido, de manhã fui ao N.A., fui a tarde almoçar com minha esposa na casa de meu sogro e a noite fomos à igreja. Na igreja a pregação de hoje foi, para mim, Deus me falando tudo que eu tinha duvida, aprendi quem é o Deus de minha compreensão o que ele espera de mim.

Gênesis 1 : 26 fala sobre o objetivo do homem na terra, quando Deus afirmou que "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança." O homem veio para imitar Deus, e O imita quando pratica coisas boas, ou frutifica. Gálatas 5 : 22-23 separa o caráter de Deus, pois "o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei". Então, finalmente estou encontrando o Deus de minha compreensão.

Hoje estou com sono, vou fazer um post mais curto que o normal, mas estou aliviado. Até amanhã.

Nasci adicto

Boa tarde, sou Wal, um adicto em busca de recuperação e estou a 48 dias sem uso de drogas.

Diferente dos demais dias, não estou escrevendo à meia noite mas sim a tarde do dia seguinte, mas não vou deixar de analisar o dia anterior, afinal este é o meu diário e não vou deixar o meu sábado vazio, hehehehe.

Ontem tive um dia irmanado com os alguns companheiros de N.A., participei de um painel de I.P. e aproveitei bem este dia, foi diferente sair com adictos que estão buscando a recuperação, todos ali falavam de drogas, mas ao invés de falarem sobre meios formas e maneiras de usos e de conseguir estávamos falando sobre recuperação das drogas. Algo que há alguns dias atrás era improvável que eu fizesse pois a doença estava tão forte em mim que não via solução alem da morte. Vi que há esperança para mim, se eu confiar em Deus e nos meus irmãos de N.A. eu vou conseguir estacionar a minha doença e a vontade de usar drogas irá diminuir, tudo isso com o tempo, vivendo o simples dia após dia.

Depois disso fui ao shopping com minha esposa, passeamos como um casal feliz. É tão bom viver em harmonia com a pessoa que se ama, desde que casamos não tínhamos momentos de verdadeira paz, eram apenas momentos em que estacionava o uso por alguns dias por pura falta de condições financeiras de comprar drogas. Essa falsa paz deixava no ar sempre uma desconfiança que não permitia que houvesse harmonia no nosso lar. Agora, com a evolução da recuperação, estou percebendo que a nossa convivência tem sido cada vez melhor. Estamos começando nassa verdadeira lua de mel, o que eu devia para ela.

Para terminar meu dia, fui a uma reunião aberta do N.A. e minha esposa foi comigo. Pude partilhar com calma pois tinham poucas pessoas na sala ontem e me senti bem para partilhar mesmo com ela na sala. Acho que finalmente estou começando a me entender melhor. Quanto mais longe da ativa mais lucido eu fico e mais fácil está de me auto-analisar e de descobrir quais são meus defeitos e quais são as minhas qualidades.

Comecei a perceber que eu nasci adicto e, assim como se eu fosse diabético, eu preciso adequar minha rotina e tomar medicações para melhor viver, evitando algumas coisas que me fazem mal. Por enquanto a minha dose diária de medicação, alem da farmacológica passada pela minha psiquiatra, são as duas horas que eu passo na sala de N.A., onde pratico o ouça mais e fale menos e me permito me enxergar nas situações ali postas pelas partilhas dos companheiros e vejo que eu cheguei ao fundo do poço, mas de muitos companheiros o fundo foi mais em baixo e me lembro que eu ainda não cheguei a este ponto, mas se eu continuasse no uso posso até ultrapassar esse buraco e chegar a morrer o que seria o fim do poço mesmo.

Bem, por enquanto é só. Boa tarde a todos e comentem. Vivo o Só por hoje. Se Deus permitir amanhã eu volto.